segunda-feira, 1 de dezembro de 2008


PROJETOS
A professora do ano
Entre cinco mil trabalhos, o de Andréia Silva Brito foi escolhido pela Fundação Victor Civita. Ela ganhou R$ 10 mil, uma pós-graduação, um laptop, um Ipod e reconhecimento


31/10/2008 13:56

Texto
Ana Rita Martins

Foto: Kriz Knack
Andréia Silva Brito, que ensina matemática a partir de moldes que os próprios alunos constróem----- PAGINA 01 -----
“Cinco mil pessoas lotavam o auditório para ver quem seria o ganhador do Prêmio Victor Civita Educador Nota 10. No camarim, eu estava nervosa. Não porque achasse que ia ganhar, eu realmente não achava. Mas teria de subir no palco junto aos outros nove finalistas e isso me dava arrepios. Recorri às lembranças de infância para me acalmar. À mente veio minha primeira professora, a Patrícia e o chão de terra da quadra da escola lá em Umuarama, no Paraná, onde a diretora jogava queimada com a gente na hora do recreio.

Eu adorava a escola. E sonhava, desde pequena, em ser professora de português. Como mamãe dava aulas e papai era inspetor, claro que apoiaram. Mudamos para o estado de Rondônia onde, mais tarde, acabei prestando vestibular. A cidade mais próxima à minha era Ji-paraná e infelizmente não tinha o curso de Letras que eu tanto queria. Acabei cursando ciências físicas e biológicas e já estava me acostumando às disciplinas quando o reitor veio com a bomba: por nosso curso ser de curta duração, o diploma não dava o direito a exercer a profissão. A única solução era adaptar o curso a um que tivesse disciplinas parecidas: o de matemática.

Sempre fui péssima com números, mas o destino me encaminhou para eles. Virei professora de matemática por acaso e foi também por acaso que me inscrevi no prêmio em julho deste ano. Eu tinha desenvolvido um trabalho de geometria sobre poliedros e corpos redondos e os alunos quiseram apresentar as maquetes que tinham feito aos pais. Foi a mãe de um aluno que me convenceu a me inscrever. Mas eram tantos professores bons, imagina! – eu pensei. Mesmo sem fé, mandei o meu trabalho. Foi uma surpresa quando me disseram ao telefone, em agosto, que eu iria à São Paulo pois estava entre os dez finalistas.

Ensino meus alunos a pensar, não a decorar
Matemática sempre foi a matéria mais odiada pela maioria dos alunos. Eu mesma me lembro de que os professores passavam um problema modelo e depois tínhamos que repetir indefinidamente aquilo até gravarmos o raciocínio. Desde que dei a minha primeira aula da disciplina, aos 23 anos de idade, fiz questão de fazer diferente. Ensino os meus alunos a pensar, não a decorar. No trabalho de geometria, por exemplo, em vez de mostrar nos livros as figuras geométricas e explicar quais seus componentes, ensinei as crianças a construí-las a partir de moldes. O resultado é que eles aprenderam na prática e começaram a ver nos prédios e igrejas da cidade as formas que tinham construído.

Chegando a São Paulo, conheci nove professores maravilhosos. Como o Joaton Suruí, um índio que criou e ensinou o alfabeto da língua de sua etnia paiter suruí aos alunos com o objetivo de preservar sua cultura. Todos recebemos a premiação de R$ 10 mil, mas na noite do prêmio, em outubro, naquela sala abarrotada, só um de nós ganharia o título de professor do ano. Ao anunciarem meu nome, tive uma sensação fantástica de reconhecimento por trabalhar com dedicação. Treze anos felizes de trabalho sendo coroados. Melhor que isso, foi só voltar para a minha terra e encontrar meus alunos me esperando no aeroporto.”

Fonte: Site Educar para crescer
http://educarparacrescer.abril.com.br/gestao-escolar/professora-ano-397077.shtml

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